"A gente tem de apontar as coisas quando nos vêm à cabeça porque depois pode ser tarde. O homem não é uma boa invenção, agora não me refiro ao don Jacobo mas ao homem em geral, a mulher também não, agora não me refiro à dona Loliña, mas à mulher em geral; o Shakespeare não gostava nem do homem nem da mulher, o homem e a mulher não são mais do que a quinta-essência do pó mortal em que todos acabaremos por nos converter, não é possível que o homem e a mulher tenham sido criados por Deus à sua imagem e semelhança, Deus não admite um tal cúmulo de imperfeições, seria ir contra a sua própria essência, a infinitude de Deus não alberga erros infinitos, os erros que começam antes do homem e acabarão depois do homem ter desaparecido, mas que têm princípio e fim e, por conseguinte, não são infinitos."
Camilo José Cela - A Cruz de Santo André
(Devo confessar que gostaria mais deste autor se ele utilizasse menos vírgulas e mais pontos finais. Mas isto sou eu. Quem sou eu para dizer semelhante coisa, blasfémia, dirão alguns, de um Nobel da Literatura? Agora, que é interessante, é!)
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